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A evolução tecnológica, econômica e do agronegócio do Oeste da Bahia

Postado por Neuran Ramos Imóveis em 30 de maio de 2019
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A região oeste tem um grande potencial e desenvolve diversas culturas agrícolas com o uso de tecnologia. É um celeiro de oportunidades e riquezas. Mas antes de chegarmos a esse ponto, precisamos voltar um pouco no tempo.

De 1534 até 1824 o Oeste da Bahia ficou ligado a Pernambuco. Em 1817 o Rei João VI e depois D. Pedro I, em 1824, separaram nossa área do Pernambuco anexando-a a Minas Gerais. Somente em 1826 D. Pedro I ofereceu o território à Bahia, sendo aceito e anexado através de um ato provisório em 1827 e mantido até hoje. O oeste ficou esquecido até os anos de 1950, quando o presidente Juscelino Kubitschek construiu Brasília para mudar a capital do Brasil, com isso abrindo estradas para a região.

Com o surgimento da Embrapa, nos anos 1970, começam as pesquisas do Cerrado, que representava 25% do território nacional. Já nos anos 80 surgiu o interesse do povo sulista pela topografia maravilhosa e pelos preços das terras da região oeste.

A gauchada, no entanto, contrariando o governo do estado e pareceres dos colegas engenheiros agrônomos da região, acreditou na transformação do local, começando com o cultivo do arroz, posteriormente da soja e do milho.

Como se tratava de um solo muito leve (arenoso) com fertilidade zero ou bem próximo disso, os resultados inicialmente foram muito lentos, mas continuados. Com o passar dos anos os resultados foram aparecendo, despertando interesse de parentes e amigos mudarem para a região, pois a cada ano a produtividade melhorava e com isso possibilitava mais investimentos, principalmente em melhorias do solo, pois era necessário criar uma camada fértil visando estabilizar a produção.

A maior dificuldade desde o início, e ainda de certa forma continua, é a falta de matéria orgânica, pois a região enfrentava queimadas todo o ano durante alguns séculos. Isso empobrecia o solo. Atualmente, por necessidade, temos uma das melhores tecnologias na região, pois inicialmente contamos com algumas pesquisas da Embrapa e dos próprios produtores que, com o apoio de engenheiros agrônomos, faziam pesquisas sobre as melhores tecnologias, época de plantio, qual a variedade que produzia mais e quais as culturas que dariam melhor resultado. Nas festas da comunidade as experiências eram trocadas e a produtividade tendia a melhorar na safra seguinte.

Cabe aqui citar a participação decisiva de dois engenheiros agrônomos vindos do Sul do Brasil contratados para dirigir o departamento técnico do PAD/DF (Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal): Hilário Alviso Kappes e Antônio José Guadagnin. Eles descobriram a região, vieram conhecer, compraram propriedade e começaram o trabalho para desmentir o documento escrito dos colegas nativos do oeste. Depois de alguns anos de experiência, provaram que a região tinha potencial.

Em seguida começaram a chegar levas de gaúchos, entre agricultores e engenheiros agrônomos. Em 1983 começamos a participar dessa história, que é longa, mas resultou no que é hoje e tem potencial para melhorar ainda mais.

Como a soja se tornou um alimento requisitado mundialmente, a demanda aumentou e com isso a cultura passou a ter um melhor retorno econômico.

Anos mais tarde, com o solo melhorado, começou-se o cultivo de milho, até por recomendação técnica dos assistentes de agronomia. Mais tarde surgiu a ideia de experimentar o cultivo de algodão, que igualmente foi muito bem-sucedido.

A região enfrenta ainda algumas dificuldades, que nós técnicos observamos desde o início do desenvolvimento. É preciso rotação de cultura para minimizar os problemas com pragas e doenças e buscar formas de elevar ainda mais o teor de matéria orgânica, que continua muito baixo. A região também está abandonada em termos de assistência técnica para a pequena propriedade, uma atribuição do estado. Os profissionais da região estão voltados para as culturas em grandes áreas.

Temos um grande potencial para ampliarmos muito a diversificação de culturas, melhorando ainda mais a vida no campo e oferecer produção própria dos alimentos do dia a dia, lembrando também que maior diversificação estabiliza melhor a economia da região, pois uma pequena estiagem reduz a produção das três culturas principais, afetando a economia como um todo.

*João Kuffel é engenheiro agrônomo, pós-graduado em direito ambiental e presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Luís Eduardo Magalhães (Agrolem)

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