“A 200 quilômetros da cidade de Correntina, está o distrito de Rosário, com vocação reconhecida pela força agrícola, oriunda de sua posição estratégica e da expansão das produções de soja, milho e algodão.”
Um trecho do Estado bem longe do mar, em no extremo Oeste, logo após a Serra Geral, está revelando a moderna face do interior baiano. A região faz divisa com os Estados de Goiás e Tocantins possui 23 municípios que tem se destacado na produção agrícola, segundo o último estudo Produção Agrícola Municipal publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2015. Seis cidades da região estão entre os maiores produtores agrícolas do País. A capacidade agrícola da região colocou a Bahia entre os sete maiores produtores, segundo o estudo.
Uma das cidades que está se destacando no Oeste da Bahia é Correntina, mais especificamente o distrito de Rosário, que fica a 200 quilômetros do município sede e onde tem se intensificado o cultivo de algodão, de milho, de café e, especialmente, de soja. Nos últimos 30 anos, a área plantada de soja no só Distrito de Rosário cresceu mais de 10 vezes. De acordo com a Associação dos Produtores de Soja no Brasil (Aprosoja), o número passou de 30 mil hectares em 1980 para os atuais 371 mil hectares.
O levantamento pré-safra, realizado pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), aponta que em 2017/2018 foram produzidos nessa região 8.222.883 toneladas de grãos, sendo que 5.376.000 toneladas de soja. Mais de 22% virá das imediações de Rosário – um total de 21 milhões de sacas de soja, o que corresponde a 1,2 mil toneladas de grãos.
Segundo Demetrius Gonçalves Ferreira, comprador de grãos da multinacional ADM do Brasil na região, a média geral de produção da região é de 59 sacas por hectare, acima da média nacional que, em 2017, foi de 54,1 sacas por hectare segundo dados da Conab.
“As áreas mais antigas vão colher uma média de 80 sacas por hectare, por que já estão com o solo corrigido e preparado para o cultivo da soja. Após cinco ou seis anos, o solo chega a esse ápice de produtividade, mas antes disso, ela é acima da média nacional”, explica Ferreira.
O desenvolvimento agrícola é responsável por 51,29% do PIB do Correntina, aponta dos dados mais recentes do IBGE (2015), percentual que vem aumentando ao longo dos anos. Em 2010, a produção agrícola só era responsável por 37% da economia da cidade, que chegou aos 80 em 30 de março. O crescimento refletiu diretamente no PIB per capita, que chegou a R$ 39.034 mil e fez com que Correntina saltasse da 20ª para a 11ª posição.
Como todo o cenário brasileiro de produção de soja, as propriedades rurais em Rosário são de grande porte e 100% mecanizadas, exigindo, assim, mão de obra especializada e equipamentos modernos. Por esse motivo, Rosário já abriga dez concessionárias agrícolas, que fornecem para fazendas do Distrito e de municípios próximos, tratores, colheitadeiras e outros equipamentos necessários para a produção. Também já chegaram ao distrito várias empresas de insumos e defensivos agrícolas.
Atualmente, a região de Rosário consolida-se como pólo de emprego para um raio de 20 municípios. A mão de obra é utilizada tanto nas fazendas – para preparo do solo, plantio e colheita – quando nas empresas que fornecem equipamentos e insumos para toda a área produtiva do distrito e até de cidades vizinhas.
Desenvolvimento
Rosário possui atualmente uma população aproximada de 6 mil habitantes, o que corresponde a 18% da população de Correntina. Fica ao lado da BR-020, que liga Brasília a Fortaleza, o que facilita a logística de transporte e a chegada de novos investidores.
A região tornou-se um grande corredor produtivo graças às suas características geográficas: imensas áreas de chapada, que são planas e facilmente mecanizáveis, e bom índice pluviométrico. Mas o desenvolvimento da agricultura começou mesmo a partir dos anos 1980, com o desenvolvimento de técnicas de cultivo do solo próprias para o solos áridos e arenosos.
“A soja é uma cultura que foi fortemente impulsionada pela ditadura militar para que se tornasse o carro chefe das exportações no Brasil. Mas tínhamos um problema: a semente que chegou ao nosso país era americana e não se adaptava a todas nossas regiões. Como isso foi solucionado? Com o investimento em pesquisas, desenvolvidas pela Embrapa, que criaram sementes adaptadas ao solo e às regiões brasileiras”, destaca professor doutor em Sociologia e Pós Doutor em Economia pela UNB Waldecy Rodrigues- coordenador do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional Universidade Federal do Tocantins Rodrigues.
Os investidores do mercado do agronegócio apostam que indústrias e que um pólo comercial forte se construa em Rosário, para atender às demandas de produção e escoamento e que por esse motivo, a região logo se tornará um pólo econômico como ocorreu há dez anos com o município de Luiz Eduardo Magalhães, também no Oeste da Bahia.
As duas localidades guardam algumas semelhanças. Enquanto Rosário é a primeira região povoada após a fronteira com Goiás, Luís Eduardo Magalhães é a primeira após a fronteira com o Tocantins. Luís Eduardo Magalhães foi, até 2000, era um distrito de Barreiras.